quinta-feira, 19 de março de 2009

Iron Maiden em SP

Foto: Marcos Hermes/UOL
Foto: Marcos Hermes/UOL


Olá! Abaixo, minha matéria sobre o Iron Maiden publicada no www.popmix.com.br. Espero que gostem!

Por: Mondrian Alvez

Em março do ano passado escrevi no PopMix sobre a apresentação do Iron Maiden, em São Paulo, durante a turnê Somewere Back In Time. E foi impossível não fazer um texto emocionado, relembrando dos meus primeiros discos da adolecência, e descrever a aventura de reencontrar meus ídolos, ao lado de 40 mil fãs. Esse ano, nem a emoção nem a aventura foram diferentes, mas o público…
Neste domingo (15), mais de 60 mil pessoas lotaram o Autódromo de Interlagos (SP) para assistir a uma seleção de 16 clássicos do Iron Maiden, comemorando o encerramento da turnê iniciada em 2008. Bruce Dickinson agradeceu: “Obrigado São Paulo, batemos nosso recorde!”, referindo-se ao seu maior público numa apresentação exclusiva da banda. O simpático vocalista ficou impressionado com a multidão e deu a atenção merecida para a galera, inclusive com a promessa de um novo disco em 2010. Bruce se desculpou pelo atraso de mais de uma hora para o início do show. Na verdade, um atraso estratégico muito bem vindo para as centenas de fãs que ainda estavam presos no trânsito (eu por exemplo) ou na gigantesca fila de entrada, que só tiveram acesso à pista praticamente em cima da hora em que o Maiden pisou no palco.
Mesmo com as devidas credenciais de acesso à pista Premium, como foi chamado o setor reservado em frente ao palco, eu fiz algo que muitos fãs do Iron nunca fariam nesta vida: eu NÃO fiquei na área vip. Praticamente uma loucura, eu sei. Mas dessa vez abri mão da proximidade (e do aperto) e preferi ver o show do fundão, para curtir junto com alguns velhos amigos da época do vinil, reles mortais sem a desejada pulseirinha. Entre eles, meu camarada Johnny Monster, todo emocionado e vestindo sua camiseta surrada dos anos 80, com a estampa do mascote Eddie quase desaparecida. Aliás, poucos ali não estavam com o logo Iron Maiden estampado no peito, porém a tradicional cabeleira metaleira não estava em alta como em outras épocas. O que ainda impressiona é a quantidade de garotos novos, até mesmo crianças, que comparecem em peso ao show e cantam em coro todas as letras, desde os clássicos do primeiro disco de 1980.
Com a tuma do fundão, fiquei no alto de uma espécie de morro, vendo completamente toda a multidão, mas infelizmente o monstruoso Maiden ficou bem pequenininho, como seu eu estivesse assistindo ao show na telinha do YouTube. O Autódromo lotado ficou em formato de conha acústica, e as milhares de pessoas formavam uma espécie de arena. Ali, de longe, o som não chegava muito bem, pois a monitoração era somente nas laterais do palco, sem caixas de distribuição para o fundo, ou suficiente para chegar bem aos ouvidos de tanta gente. Mesmo assim, teve volume o bastante para todos cantarem junto as canções, algo inevitável, sem perder a trilha original do incopiável comandante Dickinson ou dos duelos fantásticos das guitarras. O telão, com problemas técnicos, só nos ajudava a identificar “quem era quem” ou “quem foi pra onde” durante a movimentação teatral da banda: o maravilhoso baixista Steve Harrys, em sua clássica posição apoiando o pé no retorno, faz a linha de frente poderosa com o trio Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers, em sintonia perfeita e com direito a acrobacias de guitarras; Nicko McBrain impulsiona o grupo com sua mostruosa bateria, com viradas lindíssimas e a alegria contagiante de sempre; e Bruce canta, varia seu figurino de guerreiro medieval e faz performances ao fundo do palco, como se avançasse com uma devastadora carruagem para cima do público.
Dessa vez, toda a parafernália pirotécnica veio ao Brasil, com fogos e chamas esquentando vários momentos do repertório, atingindo o ápice em The Number Of The Beast. Um boneco gigante de Eddie saiu de um sarcófago do cenário de fundo, sacudindo braços enormes durante o hit que leva o nome da banda. No bis, Eddie retornou andando pelo palco, numa versão robótica como da capa de Somewhere In Time (1986). Tudo do jeito que a galera adora, menos quando o show acabou. Grande parte das pessoas, já esgotadas de cansaço e cheias de lama pelo corpo, demoraram mais de duas horas para conseguir deixar a pista. Por incrível que pareça, só havia uma saída que afunilava a multidão, depois dividia o fluxo em direções confusas e sem sinalização, com gente perdida por toda a parte. Os escorregões nos morros de Interlagos renderam boas risadas, ao mesmo tempo que geraram acidentes leves. O transtorno também estimulou atos de vandalismo dentro do Autódromo, reação ao desrespeito com o público pagante, situação desagradável que poderia ser evitada com a devida organização.
Confira o setlist e tente pensar se é possível escolher apenas uma música preferida. Para mim, da abertura com Aces High até Wasted Years foram suficientes para manter meu olhos cheios. E a paixão pelo Iron Maiden faz valer a pena meter o pé na lama, mesmo em algum lugar muito distante da área vip…


REPERTÓRIO:

Aces High
Wrathchild
2 Minutes to Midnight
Children of the Damned
Phantom of the Opera
The Trooper
Wasted Years
Rime of the Ancient Mariner
Powerslave
Run To The Hills
Fear of the Dark
Hallowed Be Thy Name
Iron Maiden

BIS:
The Number Of The Beast
The Evil That Man Do
Sanctuary

VEJA FOTOS DO SHOW NO UOL

domingo, 2 de novembro de 2008

Coluna Stoned

COLUNA PUBLICADA EM 14 DE JULHO 2007
www.popmix.com.br


Caro leitor,

Esta é a estréia da coluna STONED, então farei as devidas apresentações. Isso porque sou um cara pouco conhecido, se compararmos ao grande amigo jornalista Vitor Diniz… Ele sim está em todas! Responsável pelo interativo Pop Mix – criado para divulgar a música pop –, foi ele quem me convidou para fazer parte do time de colunistas. Então, antes de tudo, devo agradecer ao grande Vitor! E agora, amigo leitor, você já sabe para quem reclamar.

Eu sou Mondrian Alvez e tenho uma vida conturbada. Talvez a mente também. Mas não se preocupem, falarei apenas sobre música. Digo “conturbada” porque tenho uma série de atividades diárias, que consome todo o meu tempo e divide o meu ser. Ganho dinheiro como designer gráfico: sou editor de arte de revistas de beleza e trabalho em horário comercial. E gasto todo o dinheiro como músico, em qualquer dia e horário. É incrível. Ser músico, na maioria das vezes, é uma profissão em que se paga mais do que se ganha, durante longos anos. É o meu caso desde que ouvi Aces High, do Iron Maiden, no fone de um colega e andando de skate. Isso foi em 1988, quando comecei a “curtir som” e consumir música.

Já tive várias bandas. Há sete anos toco guitarra e canto na banda MARIPOSA. Lançamos nosso primeiro disco agora em junho, está quentinho. Mantemos, ainda, o Estúdio Mariposa, em São Paulo, para ensaios e gravações de bandas. Visite www.mariposamusic.com.br. Tudo independente, com muita ralação, no velho esquema do “faça você mesmo”.

Também escrevo mensalmente sobre música na L’Officiel Brasil. Conheça a revista em www.revistalofficiel.com.br. Aqui, na coluna STONED, vou postar alguns de meus textos já publicados na revista, além de comentários chapados de… rock!

É isso, seja bem-vindo. Acompanhe e divirta-se! Ouça a música da vida.

Mondrian Alvez
http://profile.myspace.com/112594048
http://www.myspace.com/mariposarock

——————————————————————————–

MOTORES À PROVA

Banda Motores

Estreou no dia 9 o Rally MTV. No programa, cinco bandas competem entre si num verdadeiro rally de carros viajando pela América Latina. A sugestiva banda Motores representa o Brasil. Segundo o baterista Ivan Copelli, a competição torna-se um reality show por causa das emoções, dos relacionamentos e de algumas intrigas. O vencedor ganha um carro Chevrolet personalizado. Os adversários são as bandas Sonica (Venezuela), Guajiro (EUA), Tarzanes (Chile) e Zombies (Argentina). É para torcer sem comer poeira.
Motores > www.bandamotores.com.br
Rally Mtv > Segunda às 23h. Reprise Quinta 0h e Domingo 0h30.

——————————————————————————–

PASSOS DO ROCK

STONED

Já faz tempo que o rock perdeu espaço nas pistas. O suicídio de Kurt Cobain (Nirvana) deixou uma nação de roqueiros órfã tão rápido quanto surgiu. Assunto complexo, a morte do líder abriu espaço para diversos ritmos invadirem o mercado e misturarem as tribos. Influenciados pelo pop e pela música eletrônica, agora vemos roqueiros que não querem só bater cabeça. Ao som de guitarras, surgem novos passos nas pistas de dança e muita atitude nos palcos. Que ótimo, estava na hora. O disco de estréia do trio francês I Love UFO traz um clima punk e underground, poderoso e dançante. O baixo distorcido empolga e as influências de Sex Pistols e Butthole Surfers impõem respeito. Ouça Like in the Movies (o clipe é ótimo), Naked Soul e a faixa-título Wish. Desejamos sucesso a Butch Mc Koy (guitarra e voz), Bass Monster (baixo) e Blind Man Lafon (bateria). Texto publicado na revista L’Officiel Brasil nº5.
I Love UFO > www.iloveufo.com
Wish (Record Makers) > www.recordmakers.com

——————————————————————————–

UM INDEPENDENTE PUXA OUTRO

STONED

A internet deixou as bandas independentes mais distantes de precisarem de uma grande gravadora. Mas tantas facilidades no mundo digital trazem novas dependências. A permanência desses artistas no circuito inclui agora parcerias com selos, produtoras e distribuidoras para sua divulgação no mundo digital, e muita interação com os usuários. Assim funciona o Walverdes, veteranos do underground de Porto Alegre. Já no quarto disco, intitulado Playback, o hit explosivo Seja Mais Certo comprova que eternos garageiros – como Black Sabbath, Stooges, Nirvana, Melvis e Ramones – estão bem representados. Com atitude, movimentam a cena independente: para vender camisetas durante o Fórum Social Mundial de 2003, o baixista Patrick Magalhães e sua esposa, desempregados, fundaram a grife Mono. O forte da marca são as estampas com bandas alternativas e filmes cult. De Johnny Cash a Queens of the Stone Age, de Amélie Poulain a Clube da Luta, quem manda é o cliente. A idéia de Patrick não é copiar o merchandising oficial, e sim criar novas interpretações que representem a arte de que as pessoas gostam (veja ilustração acima). As vendas são somente pelo site www.weare-mono.com, bem organizado com fotos e comentários sobre cada peça. Texto publicado na revista L’Officiel Brasil nº6.
Walverdes > www.myspace.com/walverdes
Playback (Inker+Squat) > www.inker.art.br

——————————————————————————–

PARA COLECIONAR

STONED

Na era da pirataria digital, a gravadora Putumayo prova o quanto é prazeroso ter discos originais na prateleira de casa. Ou do escritório, ou do consultório. Perfeitas para qualquer ocasião, há compilações exclusivas com artistas do mundo inteiro. Todas as canções são escolhidas com critério rigoroso (e muito carinhoso), sendo possível conhecer a música de diversas culturas, sem a necessidade de parecer uma experiência folclórica. O catálogo é organizado por temas criativos: Latin Groove, Turkish Groove, Asian Lounge, Blues Lounge, French Playground, Afro-Latin Party, Celtic Crossroads, American Folk, Accoustic Brazil, Music From the Coffee Lands, Mediterranean Odyssey. São mais de cem títulos, unificados por lindas ilustrações da artista Nicola Heindl. Fica a critério do ouvinte decidir como montar sua coleção. Para todos os lançamentos, a Putumayo doa uma porcentagem do lucro a instituições do país que ofereceu sua música. E a credibilidade vai além: em prol das vítimas do furacão Katrina, uma rádio canadense fez um leilão da coletânea New Orleans e arrecadou 10 mil dólares. Texto publicado na revista L’Officiel Brasil nº8.
Putumayo > www.putumayo.com

——————————————————————————–

ROCK DE BERÇO

STONED

Rock para ninar bebês parecia algo impensável. Prepare-se: a coleção Rockaby Baby! vai te deixar babando. Os arranjos de Michael Armstrong transformaram as guitarras distorcidas de vários sucessos em lindíssimas canções de ninar, calmas e relaxantes, perfeitas para as crianças. As melodias emocionam as mães roqueiras e preparam o ouvido dos filhotes para o encontro com as bandas prediletas dos papais: Beach Boys, Ramones, The Beatles, Coldplay, The Cure, Led Zepellin, Metallica, Nirvana, Pink Floyd, Queens of the Stone Age, The Pixies, Smashing Pumpkins, Radiohead, entre outras. Cada disco da coleção vem com uma capa fofíssima, que faz referência à original. No encarte, um móbile temático para recortar e montar, com direito a uma etiqueta para registrar o nome do futuro rockstar. Texto publicado na revista L’Officiel Brasil nº4.
Coleção Rockaby Baby!
Babyrock Records > www.babyrockrecords.com

mondrian02.gif STONED
Mondrian Alvez é guitarrista da banda paulistana Mariposa e sócio do estúdio homônimo. Escreve sobre música na revista L’Officiel Brasil.