Foto: Marcos Hermes/UOL
Olá! Abaixo, minha matéria sobre o Iron Maiden publicada no www.popmix.com.br. Espero que gostem!
Por: Mondrian Alvez
Em março do ano passado escrevi no PopMix sobre a apresentação do Iron Maiden, em São Paulo, durante a turnê Somewere Back In Time. E foi impossível não fazer um texto emocionado, relembrando dos meus primeiros discos da adolecência, e descrever a aventura de reencontrar meus ídolos, ao lado de 40 mil fãs. Esse ano, nem a emoção nem a aventura foram diferentes, mas o público…
Neste domingo (15), mais de 60 mil pessoas lotaram o Autódromo de Interlagos (SP) para assistir a uma seleção de 16 clássicos do Iron Maiden, comemorando o encerramento da turnê iniciada em 2008. Bruce Dickinson agradeceu: “Obrigado São Paulo, batemos nosso recorde!”, referindo-se ao seu maior público numa apresentação exclusiva da banda. O simpático vocalista ficou impressionado com a multidão e deu a atenção merecida para a galera, inclusive com a promessa de um novo disco em 2010. Bruce se desculpou pelo atraso de mais de uma hora para o início do show. Na verdade, um atraso estratégico muito bem vindo para as centenas de fãs que ainda estavam presos no trânsito (eu por exemplo) ou na gigantesca fila de entrada, que só tiveram acesso à pista praticamente em cima da hora em que o Maiden pisou no palco.
Mesmo com as devidas credenciais de acesso à pista Premium, como foi chamado o setor reservado em frente ao palco, eu fiz algo que muitos fãs do Iron nunca fariam nesta vida: eu NÃO fiquei na área vip. Praticamente uma loucura, eu sei. Mas dessa vez abri mão da proximidade (e do aperto) e preferi ver o show do fundão, para curtir junto com alguns velhos amigos da época do vinil, reles mortais sem a desejada pulseirinha. Entre eles, meu camarada Johnny Monster, todo emocionado e vestindo sua camiseta surrada dos anos 80, com a estampa do mascote Eddie quase desaparecida. Aliás, poucos ali não estavam com o logo Iron Maiden estampado no peito, porém a tradicional cabeleira metaleira não estava em alta como em outras épocas. O que ainda impressiona é a quantidade de garotos novos, até mesmo crianças, que comparecem em peso ao show e cantam em coro todas as letras, desde os clássicos do primeiro disco de 1980.
Com a tuma do fundão, fiquei no alto de uma espécie de morro, vendo completamente toda a multidão, mas infelizmente o monstruoso Maiden ficou bem pequenininho, como seu eu estivesse assistindo ao show na telinha do YouTube. O Autódromo lotado ficou em formato de conha acústica, e as milhares de pessoas formavam uma espécie de arena. Ali, de longe, o som não chegava muito bem, pois a monitoração era somente nas laterais do palco, sem caixas de distribuição para o fundo, ou suficiente para chegar bem aos ouvidos de tanta gente. Mesmo assim, teve volume o bastante para todos cantarem junto as canções, algo inevitável, sem perder a trilha original do incopiável comandante Dickinson ou dos duelos fantásticos das guitarras. O telão, com problemas técnicos, só nos ajudava a identificar “quem era quem” ou “quem foi pra onde” durante a movimentação teatral da banda: o maravilhoso baixista Steve Harrys, em sua clássica posição apoiando o pé no retorno, faz a linha de frente poderosa com o trio Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers, em sintonia perfeita e com direito a acrobacias de guitarras; Nicko McBrain impulsiona o grupo com sua mostruosa bateria, com viradas lindíssimas e a alegria contagiante de sempre; e Bruce canta, varia seu figurino de guerreiro medieval e faz performances ao fundo do palco, como se avançasse com uma devastadora carruagem para cima do público.
Dessa vez, toda a parafernália pirotécnica veio ao Brasil, com fogos e chamas esquentando vários momentos do repertório, atingindo o ápice em The Number Of The Beast. Um boneco gigante de Eddie saiu de um sarcófago do cenário de fundo, sacudindo braços enormes durante o hit que leva o nome da banda. No bis, Eddie retornou andando pelo palco, numa versão robótica como da capa de Somewhere In Time (1986). Tudo do jeito que a galera adora, menos quando o show acabou. Grande parte das pessoas, já esgotadas de cansaço e cheias de lama pelo corpo, demoraram mais de duas horas para conseguir deixar a pista. Por incrível que pareça, só havia uma saída que afunilava a multidão, depois dividia o fluxo em direções confusas e sem sinalização, com gente perdida por toda a parte. Os escorregões nos morros de Interlagos renderam boas risadas, ao mesmo tempo que geraram acidentes leves. O transtorno também estimulou atos de vandalismo dentro do Autódromo, reação ao desrespeito com o público pagante, situação desagradável que poderia ser evitada com a devida organização.
Confira o setlist e tente pensar se é possível escolher apenas uma música preferida. Para mim, da abertura com Aces High até Wasted Years foram suficientes para manter meu olhos cheios. E a paixão pelo Iron Maiden faz valer a pena meter o pé na lama, mesmo em algum lugar muito distante da área vip…
REPERTÓRIO:
Aces High
Wrathchild
2 Minutes to Midnight
Children of the Damned
Phantom of the Opera
The Trooper
Wasted Years
Rime of the Ancient Mariner
Powerslave
Run To The Hills
Fear of the Dark
Hallowed Be Thy Name
Iron Maiden
BIS:
The Number Of The Beast
The Evil That Man Do
Sanctuary
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